O pesquisador da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e líder do estudo que usa a técnica que usa a bactéria Wolbáchia na redução da transmissão da dengue no Brasil, Luciano Moreira, agora faz parte também do grupo de seletos cientistas que moldaram a história da ciência.
A lista publicada no último dia 08/12/2025 pela conceituada revista Nature, considerada uma das mais influentes no mundo da ciência, inclui o nome de Luciano, que após 17 anos de pesquisa, criou um mosquito “turbinado” com uma bactéria chamada Wolbáchia. Na prática, a bactéria impede que o vírus da dengue prolifere no mosquito, fazendo com que ele seja quase inofensivo para os humanos.
A inclusão de Moreira na lista da Nature coloca seu trabalho ao lado de descobertas que marcaram o ano: como o tratamento liderado pela pesquisadora Sarah Tabrizi, capaz de reescrever o DNA de um bebê e curá-lo de uma doença genética, e o desenvolvimento da maior câmera astronômica do mundo, coordenado por Tony Tyson, no Observatório do Chile.
Como tudo começou
Apaixonado por insetos desde a infância, Moreira começou seus experimentos no quintal de casa, no interior onde nasceu. A curiosidade cresceu e o levou ao mundo dos laboratórios, onde entendeu rápido que gostaria de fazer algo pelas pessoas, porém sem causar impacto ambiental ou destruir alguma espécie.
Nesse processo, uma pergunta sempre o rondava: como acabar com a dengue sem extinguir o mosquito? A resposta estava justamente na bactéria Wolbáchia.
A técnica consiste justamente em introduzir a bactéria, facilmente encontrada em outros insetos, nos ovos das fêmeas do mosquito Aedes aegypti, passando a viver nas células do mosquito. Para transmitir dengue ou zika, o vírus precisa se multiplicar no inseto. Uma vez que a bactéria for inserida, o vírus não consegue se replicar adequadamente. Dessa forma, o mosquito continua vivendo normalmente, porém quase sem transmitir a doença.
Como toda fêmea infectada passa para os ovos a bactéria, as novas gerações já nascem praticamente inofensivas, reduzindo drasticamente a circulação do vírus.
Em parceria com o Ministério da Saúde, os Aedes aegypti turbinados estão em 16 cidades brasileiras. Neste ano, um artigo publicado na revista The Lancet, uma das mais conceituadas do meio científico, mostrou que, nas áreas onde os mosquitos de Luciano estavam, houve uma redução média de 63% dos casos de dengue. Em alguns locais, o resultado chegou a 89%.
O reconhecimento internacional da pesquisa e seus resultados é também um grande reconhecimento para ciência brasileira, que apesar de ter mentes brilhantes e criativas, ainda investe pouco em ciência. “São 17 anos de pesquisa e muita persistência até chegarmos a esse resultado. Foi muito desafiador, mas é incrível ver o que estamos conseguindo fazer”, afirma o cientista.
Atualmente Luciano é responsável pela maior fábrica de mosquitos do mundo, que fica em Curitiba. O complexo que produz milhões de mosquitos, tem parceria com o Ministério da Saúde e já distribui “os mosquitos turbinados” para 16 cidades brasileiras.
Fonte:Com informações do G1
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