Com mais de 58 anos de atuação nacional e 20 anos em Minas Gerais, o Projeto Rondon é uma verdadeira ponte entre o saber acadêmico e as necessidades das comunidades mais vulneráveis do Brasil, promovendo cidadania e transformação social.
Em entrevista ao podcast Fala Mulher, a assistente social e coordenadora do Projeto Rondon em Minas, Mônica Abranches, compartilhou sua trajetória e a importância desse trabalho. “O Rondon é um espaço de troca de saberes. A universidade leva conhecimento técnico, científico, mas volta com aprendizados de vida, com saberes populares que as comunidades carregam há gerações”, explica Mônica.
O projeto conecta estudantes universitários de diversas áreas, como medicina, enfermagem, engenharia, veterinária e educação, a municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e comunidades tradicionais, como aldeias indígenas. As ações são totalmente voluntárias e priorizam períodos de férias escolares, permitindo maior disponibilidade dos participantes.
Mônica, que também é diretora do Movimento Pelas Águas e Atmosfera, salienta que a participação das prefeituras é um ponto importante no apoio ao projeto, uma vez que as equipes ficam até vinte dias nas cidades atendidas.
O trabalho começa com um diagnóstico participativo, no qual a comunidade aponta suas principais demandas — saúde, geração de renda, educação, meio ambiente, entre outras. A partir disso, os universitários desenvolvem oficinas, cursos, atendimentos e atividades que buscam fortalecer essas populações.
Mais do que uma simples atuação extensionista, o Projeto Rondon forma profissionais tecnicamente competentes e eticamente comprometidos com a sociedade. Mônica relata que muitos alunos voltam profundamente transformados. “Há quem repense seu estilo de vida, suas escolhas e seu papel no mundo depois de vivenciar de perto a realidade de tantas comunidades que lutam diariamente por dignidade”, conta.
Atualmente, o Rondon Minas prepara expedições para locais como São João das Missões, onde atuará junto às comunidades indígenas do povo Xacriabá, e para Montalvânia, focando em ações nas áreas de educação e saúde. Além disso, o projeto desenvolve atividades urbanas, como a campanha de educação ambiental nos parques municipais de Belo Horizonte, combatendo o abandono de animais e prevenindo incêndios.
Mônica explica ainda que o projeto carrega o nome do Marechal Cândido Rondon como uma forma de homenagem ao trabalho do militar e sertanista, que defendia a preservação e o respeito à cultura indígena e contribuiu imensamente para a integração social e cultural no país, mas não foi fundado por ele.
https://youtu.be/mvnR5udW5RA