O Programa Fala Mulher pede licença aos ancestrais para entrar num assunto permeado de preconceitos e desconhecimento por grande parte da população: a religião Umbanda. Recebemos neste episódio a Mãe Adriane dos Santos, Mãe de Santo e diretora do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-brasileira (CENARAB), para prosear acerca das religiões de matrizes africanas.
Mãe Adriane é dona da Casa de Umbanda “Pai Guiné de Aruanda”, localizada no bairro Goiânia, em Belo Horizonte/MG. Desde 2020 é reconhecida como mestra da cultura popular de BH - honraria que a destaca pela significativa contribuição para a preservação e promoção das tradições culturais afro-brasileiras.
Vinda de uma família militar, mas encoberta de amor por sua mãe, Dona Leontina, ela explica que desde a sua infância já existia a intolerância religiosa. “Minha mãe atendia com Preto Velho, Pai Arranca Toco e eu era sua cambona – pessoas que ajudam o Preto Velho. Ela só podia atender duas ou três pessoas porque senão era taxada como bruxa”, explica.
Comprometida com o propósito de quebrar os estigmas e os preconceitos associados à sua religião, Adriane esclarece, de uma vez por todas, que a macumba, comumente reconhecida como algo negativo ou feitiçaria, se refere a nada menos que um instrumento musical. A Mãe de Santo também esclarece que, assim como em outras religiões, a Umbanda e o Candomblé realizam seus rituais e utilizam-se de instrumentos para isso como: a pemba, a defumação, os banhos de ervas ou os ebós (rituais de cura para que a pessoa possa prosperar na vida).
A líder espiritual faz uma comparação lúdica para desvendar a curiosidade acerca do uso da Pipoca na religião de matriz africana. Segundo sua explanação, a Pipoca significa a força da ancestralidade, dos encantos e da cura para aqueles que a utilizam. “Do mesmo jeito que o Padre levanta a hóstia, a gente levanta uma erva para poder acudir o irmão. Então, são duas coisas diferentes que, no mesmo instante, é corpo de Cristo." destaca.
“Mãe Adriane deixa três dicas para ajudar os ouvintes: o vaso de sete ervas (espada de São Jorge, comigo-Ninguém-Pode, pimenta, alecrim, abre caminho, arruda e hortelã) usada para proteção, purificação e atração de energias positivas; e o ritual da água e do carvão para medir a energia do ambiente.
Ritual do carvão
Pegue uma taça ou copo transparente, coloque água cristalina e três pedaços de carvão e esconda onde ninguém veja. Enquanto os carvões estiverem flutuando na água, é sinal de que a energia está boa. Quando ele ficar submerso, é a representação da energia pesada. Descarte a água e o carvão e repita o ritual. Para fazer a limpeza espiritual da casa macere três ervas: alecrim, abre caminho e o manjericão, coloque no balde com água e limpe o ambiente.
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