Identificar o assédio moral no ambiente profissional nem sempre é uma tarefa fácil. Piadas de mau gosto, exclusões disfarçadas e críticas constantes podem parecer situações corriqueiras, mas escondem uma realidade séria e prejudicial: a violência psicológica no local de trabalho.
O assédio moral é caracterizado por uma série de condutas abusivas, praticadas de forma repetitiva e prolongada, com o objetivo de humilhar, constranger ou afetar a dignidade e integridade de um trabalhador. Essa prática pode ser sutil, silenciosa e, muitas vezes, mascarada como brincadeira ou “exigência profissional”.
Segundo pesquisa realizada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), o assédio foi o crime mais denunciado pelos empregados no país. Cerca de sete entre dez empresas receberam denúncias de práticas de assédio moral, sendo que mais de 70% das vítimas preferiram não se identificar e mais da metade fizeram a denuncia pela internet (57,13%), tendo os líderes como os mais denunciados (75,4%). Transtornos mentais e comportamentais já são a terceira maior causa de afastamento das empresas.
Como o assédio se manifesta?
As situações de assédio moral podem se apresentar de várias formas, afetando profundamente o cotidiano e a saúde do trabalhador. Entre os exemplos mais comuns, estão:
-Sobrecarga de trabalho: atribuição de tarefas excessivas ou impossíveis de serem cumpridas, ou o oposto – a retirada injustificada de funções.
-Isolamento: ignorar a presença do profissional, excluí-lo de reuniões, projetos ou decisões importantes.
-Agressões verbais ou físicas: gritos, xingamentos, ofensas disfarçadas e, em casos mais extremos, até agressões físicas.
-Intimidação e ameaças: criar um ambiente de constante tensão, utilizando ameaças diretas ou indiretas.
-Ataques à vida pessoal: disseminar boatos, fazer comentários depreciativos ou expor o trabalhador de forma vexatória perante colegas.
Essas ações podem partir de superiores, colegas de mesmo nível hierárquico ou até de subordinados, afetando não só o profissional diretamente envolvido, mas também o clima organizacional de toda a equipe.
Consequências para a saúde e para a empresa
As consequências do assédio moral são graves. O trabalhador pode desenvolver quadros de estresse, depressão, ansiedade, distúrbios do sono, queda na autoestima e problemas físicos. A produtividade tende a cair, e o ambiente se torna mais hostil e menos colaborativo.
Como agir diante do assédio moral?
A orientação de especialistas e dos órgãos de defesa do trabalhador é clara: não se cale! Registre tudo; datas, horários, o que foi dito ou feito, nomes de envolvidos e possíveis testemunhas. Busque apoio e converse com pessoas de confiança, procure ajuda psicológica e, se necessário, orientação jurídica. Denuncie tudo, informe ao setor de Recursos Humanos da empresa, comunique o caso ao sindicato da categoria ou denuncie ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
A arma mais poderosa no combate aos abusos é a informação, falar sobre assédio moral é essencial para combater essa prática e promover ambientes de trabalho mais saudáveis e respeitosos. O conhecimento dos direitos trabalhistas, aliado ao fortalecimento das relações interpessoais e institucionais, é o caminho para romper o ciclo de violência silenciosa no ambiente profissional.
Fonte: Rádio das Gerais e Superior Tribunal do Trabalho