MAB e aliados repudiam homenagem à mineradora Sigma Lithium na ALMG
Publicado em 21/08/2025 17:02 • Atualizado 21/08/2025 17:04
Cidades
Joyce Silva / MAB

Mais de 60 entidades, movimentos sociais e parlamentares divulgaram uma Nota Pública de Repúdio contra a homenagem que será concedida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais à executiva Ana Cabral, CEO da mineradora canadense Sigma Lithium. O evento, marcado para esta quinta-feira (21), prevê a entrega do título de Cidadã Honorária de Minas Gerais.

 

De acordo com o grupo, a condecoração simboliza a legitimação de um modelo de exploração mineral considerado predatório e marcado por denúncias de violações de direitos humanos, irregularidades nos processos de licenciamento ambiental e impactos socioambientais não mitigados.

 

A nota destaca ainda relatórios técnicos do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que apontam falhas graves no empreendimento Grota do Cirilo, em Araçuaí (MG), operado pela Sigma. O documento registra que os impactos negativos não foram devidamente compensados, indenizados ou reduzidos.

 

As entidades também denunciam que mais de 100 famílias vizinhas ao empreendimento sofrem diariamente com poeira, ruídos, rachaduras em casas, perdas na produção de alimentos e problemas de saúde. Outro ponto considerado grave é a negligência em relação à proteção de comunidades quilombolas afetados pela mineração, descumprindo dispositivos da legislação brasileira.

 

 

 “A homenagem pretendida se pinta de novo e de verde, mas expressa a manutenção de um modelo de exploração neocolonialista, com rapina dos recursos naturais e aprofundamento das desigualdades sociais”, afirma o manifesto.

 

O texto lembra ainda que a mineradora utiliza tecnologias consideradas ultrapassadas, que gerariam um impacto socioambiental até 30 vezes maior que métodos mais modernos e menos agressivos disponíveis atualmente.

 

A nota é assinada por 68 organizações e parlamentares em menos de 36 horas, incluindo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Comissão Pastoral da Terra (CPT-MG), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), CUT Minas, MST, Mídia Ninja, além de comunidades quilombolas e indígenas da região do Vale do Jequitinhonha.

 

As 68 entidades defendem um outro modelo de mineração e desenvolvimento, que respeite os povos e comunidades tradicionais, invista em tecnologia e indústria nacional e distribua de forma justa as riquezas produzidas.

 

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