Agressões a profissionais da saúde cresce no país e afeta rotina em centros de atendimento
Publicado em 12/08/2025 09:48 • Atualizado 13/08/2025 14:37
Saúde
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Todos os dias eles saem de casa com a missão de salvar vidas, mas têm sido ameaçadas e agredidos por pacientes ou acompanhantes, tornando a saúde uma profissão de risco. Enfermeiros (as), técnicos de enfermagem e médicos (as)  têm sido vítimas sistematicamente da violência em seus locais de trabalho, gerando traumas e afastamentos que dificultam ainda mais uma assistência ampla e de qualidade ao cidadão.

 

Um levantamento realizado em 2023 pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) revelou que 80% dos profissionais de enfermagem no estado já sofreram algum tipo de violência dentro do seu local de trabalho. Relatos dão conta de gritos, xingamentos, puxões de cabelo, socos e até ameaças de morte, fazendo com que uma rotina que já não é fácil, fique ainda mais desgastante. 

 

Vítimas sofrem traumas diversos

 

A enfermeira Evelyn Rossi, de Guarulhos, Grande São Paulo, não esquece a agressão de que foi vítima. Uma paciente insatisfeita com o número de dias de afastamento dado por um médico, partiu para cima da enfermeira, deferindo-lhe um tapa na cara, chutes e golpes na barriga. Na mesma semana, outros dois profissionais colegas de Evelyn foram agredidos na mesma unidade de saúde. “Eles trabalham pela vida, e ainda assim são atacados”, lamenta a enfermeira.

 

Em Franca no interior paulista, outra técnica de enfermagem foi perseguida e agredida por uma paciente. A profissional, agora passa por tratamento psicológico e psiquiátrico, mas alega que ainda não consegue dormir devido o trauma e sofre com a insônia. “Ela me deu um tapa no rosto, e jogou meu celular em mim. Isso fez com que eu me sentisse humilhada e desvalorizada”, lamentou.

 

Outro caso que se tornou bastante conhecido foi o da enfermeira Amanda Araújo, agredida verbalmente e ameaçada fisicamente por uma paciente na UBS da Vila Ideal em Juiz de Fora- MG, a paciente precisava renovar uma receita e se exaltou, agredindo e ameaçando Amanda.

 

Os casos de agressão são um risco tão frequente na rotina dos centros de saúde, que algumas unidades possuem o Botão do Pânico, dispositivo que aciona a segurança dos hospitais ou a própria Guarda municipal, a fim de socorrer os profissionais. Foi o que salvou a médica Giovana Paliares agredida pela paciente Míria Fonseca Pereira, em são Bernardo do Campo, apesar de nem sempre conseguir evitar os ataques. A paciente que reclamava de dores no ombro, partiu para cima da médica e arrancou tufos de cabelo, ao saber que não teria um atestado com afastamento longo do trabalho.

 

A impunidade facilita a reincidência. O estado de São Paulo registra o maior número de ocorrências, mas a violência contra médicos e enfermeiras acontece no país inteiro. Nos últimos cinco anos, quase 15 mil boletins foram registrados com algum tipo de violência. Resultando em pagamentos de um salário mínio ou prestações de serviços comunitários. Em outros casos, o agressor foi apenas proibido de aproximar da vítima. No interior de Minas, a médica Maria Isabel Spínola já registrou cerca de treze boletins de ocorrência e já ficou trancada por horas para fugir de agressores.

 

As consequências para os profissionais são graves, com relatos de ansiedade, depressão e síndrome do pânico. Mas ainda assim, desistir não é uma opção, a médica Giovana, do início da matéria, vê a medicina como ato de amor ao próximo. “Quero continuar com o brilho nos olhos que tive quando me formei”, afirma.

 

Basta de Violência!

 

Diante desse cenário desastroso para a saúde em todo o país, a Federação Nacional de Enfermagem (FNE) lançou, no dia 8 de março de 2025, a campanha "Basta de Violência – As(Os) Enfermeiras(os) querem respeito e valorização", com o objetivo de conscientizar a sociedade e pressionar pela criação de políticas públicas que combatam essa mazela social.

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