Justiça climática em foco: Cúpula dos Povos na COP30 caminha para mobilização com marcha, carta e ato contra a fome
Por Administrador
Publicado em 14/11/2025 18:00
Cúpula dos Povos
@rudegalvenus - Carolynne Matos

A Cúpula dos Povos Rumo à COP 30 intensifica sua agenda com a realização de eventos dentro e fora da Universidade Federal do Pará focados na solidariedade internacional aos povos e na pressão por justiça climática, com uma transição energética e ecológica justa, reparação aos danos causados, sobretudo aos povos tradicionais e periferias rurais e urbanas, e financiamento climático justo, direto e público.

 

 

Os três pontos centrais da agenda que mobilizarão lideranças de 62 países, ativistas dos 5 continentes, líderes indígenas, quilombolas, pescadores, periféricos rurais e urbanos, movimentos sociais, organizações e redes de articulação são a Grande Marcha dos Povos por Justiça Climática (15/11), o Banquetaço e a entrega da Carta dos Povos ao Presidente da COP 30 (16/11), André Corrêa do Lago. A presença do presidente Lula é esperada.

 

 

Grande marcha dos povos (15/11)

 

 

A Cúpula dos Povos deverá levar cerca de 30 mil pessoas para as ruas de Belém, capital da COP30, na Marcha Global por Justiça Climática programada para este sábado, 15 de novembro. Este grande ato de rua percorrerá 4,5 quilômetros com povos vindos de diversos países para levar ao mundo mensagens em defesa de soluções reais para a crise climática. 

 

Protagonistas das soluções reais, os povos originários, quilombolas, pescadores, juventudes, trabalhadores, homens, mulheres, pessoas trans e crianças mobilizados em uma ampla rede de organizações da sociedade civil marcharão por um objetivo comum: exigir a reparação pelos danos que as corporações e governos causam à sociedade, sobretudo aos povos tradicionais e periféricos ao apostarem em falsas soluções de eliminação ou redução de impactos.

 

 

A Marcha Global por Justiça Climática reafirma que não há tempo para ilusões. As chamadas soluções de mercado, como créditos de carbono, compensações florestais, geoengenharia e privatização dos territórios, aprofundam desigualdades, permitem que grandes emissores sigam poluindo e deslocam comunidades inteiras em nome de uma “transição” que não passa de maquiagem verde.

 

 

O documento político da Cúpula dos Povos denuncia que, enquanto corporações lucram com a crise, são os povos dos territórios que menos contribuíram para o aquecimento global quem carregam os impactos mais violentos. São enchentes, secas extremas, perda de biodiversidade, insegurança alimentar e o avanço de projetos extrativistas que violam direitos humanos.

 

 

Por isso, a Marcha Global por Justiça Climática reivindica que as decisões sobre o futuro do clima sejam tomadas a partir da justiça, da ciência dos povos e da defesa da vida, e não dos interesses econômicos que historicamente capturaram as negociações da ONU.

 

 

A marcha também ecoará a mensagem de que não haverá justiça climática sem justiça social, defendendo que soluções reais já existem e são construídas diariamente nos territórios com as práticas agroecológicas, manejo comunitário, economia solidária, proteção ancestral da biodiversidade, soberania alimentar e práticas tradicionais de cuidado com as águas e as florestas.

 

 

A mobilização pretende marcar simbolicamente o encontro entre os povos da Amazônia e delegações de todos os continentes em um chamado global: “Justiça Climática Já – pelo fim das falsas soluções e em defesa das soluções vindas dos territórios”.

 

 

Entre os eixos defendidos na mobilização estão:

 

* Reparação histórica e responsabilização de países ricos e corporações pelos danos causados;

 

* Fim das falsas soluções que transformam a natureza em ativo financeiro;

 

* Proteção dos territórios e maretórios, demarcação imediata de terras indígenas e quilombolas;

 

* Transição justa, popular e inclusiva, com direitos e escuta garantidos para trabalhadores e comunidades;

 

* Fortalecimento da democracia, enfrentamento ao racismo ambiental e às desigualdades;

 

* Centralidade dos maretórios e territórios das águas, reconhecendo o papel de povos ribeirinhos, pescadores artesanais e comunidades costeiras na defesa da Amazônia e dos oceanos.

 

Trajeto da Marcha (15)

 

7:30 - Concentração no Mercado de São Brás, no bairro de São Brás.

 

9:00 – Saída do Mercado de São Brás

 

11:00 – Chegada na Aldeia Cabana, no bairro da Pedreira.

 

Percursos - Avenida Duque de Caxias, Travessa Mauriti e Avenida Pedro Miranda.

 

 

O prato é político: Banquetaço (15/11)

 

 

Banquetaço: a manifestação popular que transforma comida em ato político chega à Cúpula dos Povos

 

 

No dia 16, domingo, a Cúpula dos Povos realizará o “Banquetaço”, na Praça da República, às 14h. Será o terceiro grande momento de conexão direta com as ruas da capital da COP, quando os participantes farão a distribuição de alimentos para a população.

 

 

O Banquetaço é uma mobilização pública criada por organizações, movimentos sociais e coletivos ligados à luta pela terra, à agroecologia e à soberania alimentar no Brasil. Surgiu como resposta direta ao desmonte das políticas de segurança alimentar durante o governo Bolsonaro, período em que o país viu o fim do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e o retorno acelerado da fome a milhões de lares brasileiros.

 

 

Diante desse cenário, cozinheiras comunitárias, agricultores familiares, povos tradicionais, organizações urbanas e coletivos de agroecologia passaram a ocupar praças e ruas em diversas regiões do país com grandes banquetes públicos. Esses atos distribuíam alimentos de forma gratuita para denunciar a fome, reivindicar políticas públicas e afirmar que a comida saudável e produzida nos territórios é um direito e não um privilégio.

 

 

Mais do que um gesto de solidariedade, o Banquetaço se consolidou como uma ação política de forte simbolismo. Ao servir comida para quem mais precisa, os movimentos denunciam a violência da fome que aumenta com os eventos climáticos extremos e com o sistema que alimenta esses impactos. Também reafirmam a centralidade da soberania alimentar como pilar da justiça social e climática no Brasil.

 

 

Na Cúpula dos Povos rumo à COP30, o Banquetaço foi incorporado como parte essencial da programação porque a alimentação não é apenas logística. É política. A proposta da Cúpula é garantir que sua estrutura reflita os valores que defende como soluções reais vindas dos territórios, com a economia popular, o respeito aos modos de vida e defesa da produção local de alimentos.

 

 

Assim, trazer o Banquetaço para dentro da Cúpula reforça que a luta climática passa, necessariamente, pela luta contra a fome e pela valorização de práticas agroecológicas construídas por povos e comunidades tradicionais.

 

 

Entrega da Carta dos Povos ao presidente da COP 30(16/11)

 

 

No sábado, 16 de novembro, o ponto alto será a entrega oficial da "Carta dos Povos" ao presidente da COP 30, André Corrêa do Lago. A vinda dele até o espaço dos territórios foi compromissada em encontro realizado durante os preparativos para a Cúpula dos Povos. Na ocasião, o embaixador se comprometeu também a fazer com que a carta seja lida dentro do espaço oficial da COP.

 

 

O documento, fruto dos intensos debates e plenárias da Cúpula apontará horizontes para se enfrentar a crise climática a partir da perspectiva dos povos que no Brasil e no mundo estão fora dos espaços de decisão política.

 

 

O ato de entrega simboliza a busca por um diálogo direto e a garantia de que as vozes das comunidades, dos quilombolas e dos povos indígenas da Amazônia e do Sul Global sejam formalmente incorporadas e priorizadas na agenda oficial da COP 30, influenciando as decisões globais sobre o clima.


Assine a Newsletter da Rádio das Gerias e fique por dentro de tudo que acontece no Brasil e no mundo!

Comentários
Comentário enviado com sucesso!