Cúpula dos Povos exige soluções reais e alerta para o risco de injustiça climática em Belém
Publicado em 14/11/2025 09:20
Cúpula dos Povos
Zé Netto/AG.EficazPress

BELÉM/PA — Enquanto o Palácio das Nações Unidas se prepara para receber os chefes de Estado e negociadores da COP 30, os movimentos sociais e as comunidades de base do Brasil e do mundo se articulam de forma autônoma. A Cúpula dos Povos Rumo à COP 30 emerge em Belém como o clamor de quem está na linha de frente da crise, confrontando a agenda oficial que, historicamente, privilegia o mercado e os interesses corporativos em detrimento da vida e dos territórios.

 

O diagnóstico da Cúpula é incisivo: a crise climática é, sobretudo, uma crise de injustiça — racial, social, de gênero e colonial. Se a COP 30 falhar em incorporar a agenda popular, ela será apenas mais um palco para a legitimação de "falsas soluções". O alerta é claro: o foco em mecanismos de mercado, como a financeirização da natureza, e a omissão em relação à dívida ecológica dos países do Norte Global e das corporações, condenarão a Amazônia e os biomas ao aprofundamento do racismo ambiental e à impunidade corporativa. A luta é contra o extrativismo insustentável e o fracasso em impor uma transição energética que seja, de fato, justa e popular.

 

A força da convergência: seis eixos para o bem-viver com respeito à vida e ao meio ambiente

 

Para reverter esse quadro, a Cúpula dos Povos — que reúne indígenas, quilombolas, juventudes, mulheres, e movimentos de trabalhadores — organizou sua resistência e proposta em seis pilares estratégicos. Esses eixos são a materialização das soluções que vêm da base:

 

Territórios e Maretórios Vivos: Pela demarcação de terras, soberania alimentar e reconhecimento da Natureza como sujeito de direitos.

 

Reparação Histórica: Pelo combate ao Racismo Ambiental, às falsas soluções e a exigência de que a Dívida Ecológica seja paga.

 

Transição Justa, Popular e Inclusiva: Pelo fim da era dos combustíveis fósseis e pela construção de uma democracia energética, partindo dos saberes populares.

 

Contra as Opressões: Pela luta pela democracia, pelo internacionalismo dos povos e contra a extrema-direita e fundamentalismos.

 

Cidades Justas e Periferias Urbanas Vivas: Pelo combate ao racismo ambiental nas áreas urbanas e pela democratização do acesso a saneamento e energia.

 

Feminismo Popular: Pelo protagonismo das mulheres nos territórios e pela defesa intransigente dos direitos reprodutivos e sexuais.

 

Carta final: a ferramenta popular de pressão global

 

O ponto de convergência de toda essa mobilização e discussão será a elaboração de uma Carta Final da Cúpula dos Povos.

 

Essa carta não será apenas um documento protocolar. Ela é concebida como uma ferramenta popular de pressão política internacional, que sintetizará o conjunto de denúncias, propostas e exigências dos movimentos sociais globais. O texto, forjado na luta e nas discussões dos territórios, será um mandato popular para pressionar governos, corporações e a própria Organização das Nações Unidas (ONU) a transcenderem as negociações climáticas frias e a adotarem o caminho da Justiça Climática e do Bem-Viver.

 

A mensagem é clara: as soluções não virão das salas fechadas das COPs, mas do poder e da articulação dos povos. No encerramento da Cúpula dos Povos, no dia 16, a Carta de Declaração dos Povos, construída coletivamente por integrantes de mais de 1100 entidades e movimentos de 62 países, será entregue ao embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30. Há expectativa de que o presidente Lula esteja presente neste dia.

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